Maria Silva da Costa, de 55 anos, não imaginava que a noite de sábado, 23 de julho, seria a última vez que veria o filho, Rodiney da Costa Rodrigues, de 31 anos, o caçula de três irmãos. O rapaz, conhecido como “Batata”, foi assassinado a tiros pelo próprio amigo, Eryck Rodrigues. “Foram criados juntos e eu perdoo ele, o que ele fez não foi da vontade dele”, lamentou a mãe sobre Eryck.
Durante o velório, na manhã desta segunda-feira (25), a mãe conversou com a reportagem do Campo Grande News. Ela contou que Rodiney era o único filho que morava com ela, na casa do Conjunto Habitacional Cohab. “Tenho mais dois filhos homens, de 33 e de 34 anos, e o Rodiney deixou um filho de sete anos, que mora com a mãe”, conta. Maria junta os cacos e se ampara em Deus. “Deus é meu suporte, se não fosse Ele, não estaria aqui como estou”.
A mãe conta que no dia do crime, Rodiney saiu de casa com a namorada para ir até o pagode na praça da Cohab. “Eu pedi para deixar o carro em casa, ele ficou até bravo comigo porque não deixei ele sair de carro. Então ele foi para a praça com a namorada”, lembra.
Pouco tempo depois, Maria recebeu a ligação de uma amiga de Batata. “Eu estava em casa, quando uma amiga dele ligou e falou que tinham atirado no meu filho, que era para eu ir para lá. Quando cheguei ele não estava mais”.
O outro filho levou Maria até a UPA. “Quando cheguei não sabia que ele tinha falecido e depois de um tempo falaram que ele tinha falecido”, lamentou a mãe. “Foi a vontade do senhor a passagem dele na Terra, não sou ninguém para ir contra a vontade de Deus. Tudo nessa vida tem um propósito, o que aconteceu foi para a salvação dele”.
A mãe lembrou que esse ano o filho estava passando por grandes livramentos. “Teve covid, ficou com 75% do pulmão tomado, na época fiz um propósito com o Senhor e sete dias depois ele saiu do hospital. Um tempo depois ele sofreu acidente de moto, ficou no CTI com traumatismo craniano e mais uma vez o senhor livrou ele da morte. Eu aconselhava ele a se achegar a Jesus, agradeço a Deus por ter tido a oportunidade de falar do amor de Jesus para ele”.
Sobre Eryck, apesar de serem criados juntos, a mãe diz que há muito tempo ele já não frequentava a casa de Batata. “Há muitos anos atrás ele ia em casa, hoje em dia eu não convivia muito com ele, porque meu filho não era mais de ficar saindo, de ir em festa”, lembra.
No velório, amigos afirmaram que ficaram em choque com a notícia. “Ele [Batata] sempre foi ativo, conhecido por todo mundo, andava por todo canto e tinha um coração enorme. Quem conheceu de verdade sabe que o coração dele era incrível”, lembra.
Denúncia de ameaça – Consta uma denúncia de ameaça, na qual um empresário afirma que pegou dinheiro emprestado com Rodiney, o chamando de agiota, e depois foi ameaçado por não conseguir pagar A mãe de Rodiney esclareceu que o filho não era agiota. “Estão falando que ele era agiota, mas é mentira”, afirma.
Ela conta que Batata era sócio do empresário e emprestou R$ 3 mil. “Esse cara que está inventando que ele é agiota entrou com R$ 3 mil para uma barbearia e tinha que pagar 900 por mês, mas ele não pagava. Eu aconselhei meu filho a receber do jeito que ele podia pagar, então começou a pagar 50 reais por semana, depois parou de pagar”, conta.
Depois de um tempo, Batata chegou a postar no Facebook uma mensagem na qual oferecia R$ 100 para quem achasse o empresário. “Essa história que dava 100 reais para achar é verdade, mas ele fez isso para achar o cara e receber não para matar”.
O crime – O crime ocorreu na noite de sábado (23), na praça da Cohab. Uma testemunha, moradora do bairro, que pediu para não ter o nome divulgado, contou que estava perto e viu o momento em que Batata e Eryck discutiram. “O Eryck estava batendo num rapaz bêbado na conveniência, o Batata chegou e foi defender, falou ‘deixa ele, está bêbado, deixa para resolver depois’. Depois disso começaram a brigar”, revela.
Em seguida, Eryck teria deixado o local e voltou armado, quando efetuou dois disparos contra Batata. No local havia cerca de 100 pessoas, que se assustaram após os disparos e começaram a correr. Contudo, ninguém mais ficou ferido. Em seguida, o autor fugiu em uma motocicleta.
O boletim de ocorrência descreve que a vítima foi atingida nas costas e no peito, na altura do ombro, sendo socorrida por populares e levada para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Universitário, mas não resistiu e morreu.
Testemunhas contaram que os dois eram amigos e cresceram juntos.
Fonte: Campo Grande News