O deputado estadual Amarildo Cruz (PT), que faleceu nesta sexta-feira (17) em Campo Grande, defendeu a democracia, liberdade, condições de dignidade e combate à desigualdade no último discurso dele na tribuna da Assembleia Legislativa.
O parlamentar ocupou a palavra no grande expediente para criticar o uso de uma obra de Adolf Hitler durante a sessão. “Entendo que é meu papel como parlamentar eleito, entre outras coisas, trazer para o parlamento as minhas convicções, visão de mundo, coisas que eu verdadeiramente acredito. E entre essas coisas, está a democracia, estado democrático de direito, exaltação a liberdade, combate à desigualdade, criação de condições mínimas de dignidade para o ser humano indistintamente”, declarou.
Amarildo pontuou que se sentiu na obrigação de manifestar-se na tribuna. “Quando alguma coisa afronta, de uma forma direta estes princípios, me sinto na obrigação da minha manifestação. É uma obrigação que tenho com a minha história, origem, pessoas que ao longo do tempo cultivei adesão, apoio, amizade, simpatia. Me preocupa muito a banalização do mal a qualquer custo. Hoje, nós vivemos momentos, neste mundo atual, que lacrar, que é o termo usado para que você possa bombar nas redes sociais, por exemplo, passa a ser mais importante do que qualquer outra coisa, qualquer outro valor discutido e conquistado pela sociedade ao longo dos anos. Isso me preocupa e tenho certeza que é preocupação dos democratas, pessoas de bem”, reforçou.
O deputado destacou a obrigação de se pronunciar, sem nenhuma intenção de lacração. “Não estou querendo lacrar não, porque nunca entrei neste parlamento por lacração. Entrei na defesa das convicções que tenho, de liberdade, respeito, dignidade. Me incomodo muito, não é pouco, e sei que tem muita gente incomodada. Estou tentando reproduzir um pouco desta indignação”, disse.
O discurso de Amarildo atentou para necessidade de cuidado nos discursos e posições na Assembleia Legislativa. “O que me preocupa é o crescimento destas células nazistas. É isso aqui que assusta não só a mim, grande parte da população brasileira, porque isso aqui é célula de gente que quer matar pobre, negro, índio, homossexual, e não é esta a sociedade que eu quero. E em qualquer momento que eu me sentir como parlamentar, ser humano, a obrigação de me manifestar, expressar minha indignação contra este tipo de atrocidade, pode ter certeza absoluta que eu vou estar justificando porque estou neste parlamento”, concluiu, sendo aplaudido pela plateia.
Fonte:investigams.com.br