O mercado do boi gordo inicia o mês de outubro com grande expectativa de valorização nas cotações da arroba, impulsionado por fatores sazonais e pelo desempenho das exportações.

Apesar da demanda doméstica ainda enfraquecida, analistas destacam que o início do mês — marcado pela entrada dos salários e pelo aumento do consumo — pode trazer um cenário mais positivo nas próximas semanas. Segundo levantamento da Scot Consultoria, mesmo com quedas pontuais registradas nos últimos dias de setembro, o mercado sinaliza para um movimento de recuperação no curto prazo, especialmente com o apoio das vendas externas e do ajuste de oferta de animais terminados. Pecuaristas aguardam com otimismo uma valorização da categoria para abate.

Cenário atual do mercado do boi gordo

As indústrias frigoríficas ainda operam com escalas de abate confortáveis, refletindo a boa oferta de animais de confinamento e de parcerias.

No entanto, esse cenário pode mudar à medida que os pecuaristas reduzam a oferta, aguardando melhores preços. De acordo com Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria, a taxa de ocupação dos confinamentos em 2025 foi superior à do ano anterior, garantindo oferta confortável até setembro.

Porém, a época de preparo da estação de monta no Brasil Central tende a reduzir a disponibilidade de fêmeas para o abate, o que pode pressionar os preços para cima nos próximos dias.

Além disso, a entrada dos salários no início do mês deve aumentar o consumo no varejo e gerar maior necessidade de reposição por parte dos frigoríficos.

Cotações da arroba pelo país Conforme dados compilados por consultorias como Agrifatto e Safras & Mercado, os preços médios da arroba do boi gordo nas principais praças nesta virada de mês são:

São Paulo R$ 303,27 leve alta (ontem: R$ 302,97)

Goiás R$ 288,75 alta

Minas Gerais R$ 288,53 alta

Mato Grosso do Sul R$ 318,66 estável

Mato Grosso R$ 294,51 estável

No mercado paulista, a arroba do boi-China — destinada à exportação — é negociada a R$ 307/@, mantendo ágio de R$ 5 sobre o animal comum, que vale R$ 302/@. A novilha gorda registrou queda pontual, com valor de R$ 290/@ em São Paulo. Já as escalas de abate permanecem atendendo, em média, 11 dias no estado.

Exportações seguem firmes e sustentam mercado As exportações de carne bovina continuam sendo o principal suporte para o setor. Em setembro, o Brasil embarcou 294,7 mil toneladas de carne bovina fresca, congelada e refrigerada, segundo a Secex, com aumento de 23,6% no volume e 24,4% no faturamento médio por tonelada em relação ao mesmo mês de 2024.

A Agrifatto estima que os embarques possam superar 300 mil toneladas, configurando novo recorde mensal e contribuindo para evitar quedas mais acentuadas nas cotações internas.

Segundo os analistas, esse desempenho externo é crucial para equilibrar o mercado, compensando o consumo interno ainda retraído devido ao baixo poder de compra da população.

Mercado atacadista e consumo interno No mercado atacadista, os preços ainda apresentam acomodação. O quarto traseiro segue a R$ 23/kg, o dianteiro a R$ 17/kg e a ponta de agulha a R$ 16,50/kg. Apesar da estabilidade, há expectativa de reajuste positivo durante a primeira quinzena de outubro, motivada pela melhoria temporária da renda das famílias.

Entretanto, a carne de frango segue mais competitiva, pressionando a demanda pela carne bovina. Perspectivas para outubro Com exportações aquecidas, redução sazonal de oferta de fêmeas e aumento temporário do consumo interno, os especialistas projetam que a arroba do boi gordo poderá se valorizar ao longo das próximas semanas.

No mercado futuro da B3, o contrato com vencimento em dezembro/25 encerrou setembro cotado a R$ 324,45/@, alta de 0,43% frente ao fechamento anterior, sinalizando otimismo dos investidores.

Segundo Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, “o ambiente de negócios ainda sugere alguma alta dos preços durante a primeira quinzena do mês, considerando a entrada dos salários como importante motivador para o varejo”.

Outubro chega com boas perspectivas para o boi gordo

Apesar da lentidão do mercado interno, os fatores sazonais e as exportações recordes indicam um cenário de recuperação nas cotações, podendo impulsionar a arroba para patamares mais elevados ainda neste mês.