Um sentimento de culpa a maior parte do tempo. A pessoa se esforça para melhorar a relação amorosa, mas não é possível pois, segundo o outro, o erro sempre é dela. Esses são alguns sinais de um relacionamento abusivo e que muitas vezes vêm acompanhados de violência psicológica e até mesmo física. O amor, a paixão e o envolvimento podem dificultar a identificação do tipo de relação que a pessoa está vivendo.
A psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, Flávia Milanez de Farias, concorda que, em grande parte dos casos, é difícil observar sinais de abuso no início de uma relação. “Um relacionamento abuso não envolve especificamente uma agressão física, mas também o abuso psicológico, como o rebaixamento, humilhação e desconsideração do parceiro. Todas as suas relações ficam prejudicadas” detalha.
É identificado nesse tipo de relação, a desigualdade de poder que um exerce sobre o outro. Geram-se sentimentos recorrentes, como: dúvidas, confusão mental, ansiedade, insegurança e a falsa esperança que o parceiro mude. “O companheiro ou companheira é o centro da sua vida e o relacionamento torna-se um vínculo de submissão”, pontua a especialista.
A psicóloga acrescenta que é importante que a pessoa identifique alguns sinais. “O parceiro, ou a parceira que produz o abuso vai utilizar de manipulação para afastar a pessoa de outras relações. Proibir de fazer atividades que você gosta de fazer, ou seja, o centro precisa ser ele, ou ela. A vítima fica em estado de dependência emocional”, ressalta.
Segundo a profissional, um relacionamento abusivo traz diferentes formas de violência. A vítima, por medo ou vergonha, silencia sobre as atitudes. Nesse tipo de relação, existem vários tipos de violência, tais como de natureza emocional, psicológica, física, sexual, financeira, podendo ser até tecnológica. “Quando o parceiro tem controle sobre as redes sociais da vítima, insiste em obter senhas pessoais, controlar as conversas, as curtidas e outras ações, é um tipo de relação abusiva”, sinaliza.
Em todos os casos de relacionamento abusivo observa-se a violência psicológica sobre a vítima. A violência psicológica é tão devastadora quanto a física. Ações que causam danos emocionais e diminuição da autoestima, ou que visem degradar ou controlar seus comportamentos, crenças e decisões; mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir, ou qualquer outro meio, que cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.
Os sinais mais comuns para reconhecer o comportamento de uma pessoa agressora são: reações violentas de ciúme, chantagens emocionais, manipulação psicológica, possessividade e controle, comportamento agressivo, violência sexual, desvalorização, desrespeito com outras pessoas, jogos de poder e, evidentemente, casos de agressões físicas. “Qualquer outro meio, que cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação”, aponta a profissional.
Já a violência física é mais fácil a identificação. Ações que ofendam a integridade ou a saúde do corpo como: bater ou espancar, empurrar, beliscar, atirar objetos na direção da mulher, sacudir, chutar, apertar, queimar, cortar ou ferir.
Confira alguns sinais de um relacionamento abusivo:
Ciúme excessivo
Com a justificava de “amar demais” o ciúme vira justificativa para o controle. É normal que uma pessoa sinta medo de perder quem ama. Mas quando isso passa a virar argumento para controlar a tomada de decisão do outro, agressões, ofensas ou invasão de privacidade, é excessivo.
Afastamento de outras pessoas
As justificativas podem ser muitas: os amigos são má influência ou dão em cima do companheiro. O abusador também pode alegar não gostar de determinadas pessoas por não “o tratarem bem”. O fato é que vai exigindo que o outro se afaste das pessoas mais próximas.
Destruição da autoestima
Se no começo da relação a pessoa era incrível para a outra, aos poucos isso vai mudando. A mudança começa com “críticas construtivas”, que vão se tornando cada vez mais comuns e pesadas. Sem perceber, a vítima vai perdendo a autoestima até o ponto de achar que é alguém tão ruim que nenhuma outra pessoa irá amá-la se a relação terminar.
Fonte: Safira Pinho